Em setembro, cooperativas de agricultura familiar ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) captaram R$ 17,5 milhões junto a 1,5 mil investidores, numa emissão de certificados de recebíveis do agronegócio (CRAs) inédita, orquestrada pela securitizadora Gaia. Fundador e CEO da Gaia, João Paulo Pacífico recebeu tanto críticas como apoio. Ele é a face mais evidente de um fenômeno presente nos EUA e na Europa há tempos: o ativismo empresarial.
10- Em julho de 2017, você apareceu na capa de HSM Management com o título “Performance com propósito”. O que mudou no Grupo Gaia e em você de lá para cá, em propósito e em performance?
Nesses últimos quatro anos, pudemos vivenciar no Grupo Gaia uma conexão cada vez maior entre performance e propósito e os seus resultados. Propósito verdadeiro “vicia”, porque fazer o bem libera ocitocina, o que nos faz mais felizes. Enquanto isso, o mercado de trabalho está doente; estamos vendo muitos zumbis corporativos.
No início de 2020, após nos aprofundarmos nas necessidades do País, e seguindo um dos meus autores favoritos, Simon Sinek, resolvemos ser uma empresa de valores temos dez, muito fortes, e também de causas. Três causas foram selecionadas: além da felicidade, meio ambiente e desigualdade. Neste campo, o foco foi trabalhar com os mais desfavorecidos assentados, povos originários como quilombolas e indígenas, pessoas das comunidades. O negócio tomou tal proporção que em 2021 dividimos o Grupo Gaia em duas grandes áreas: Planeta, que são os negócios tradicionais, e Gaia Impacto, onde todos os negócios necessariamente impactam positivamente a sociedade e/ou o meio ambiente. E com resultado positivo para o negócio também. A quantidade de talentos que querem trabalhar na Gaia já tivemos um recorde de 17 mil candidatos para uma vaga, e de pessoas que nos seguem e dizem ser fãs da empresa fortalecem e são indicadores disso. A operação de emissão de CRAs das cooperativas ligadas ao MST teve mais de 5 mil interessados em investir.